quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

O código oculto do ADN

A ideia de que a sequência do ADN determina a nossa predisposição para sofrermos de alguma doença é generalizada. Todavia, não é completamente verdadeira. Os genes não são assim tão poderosos. Há vários anos que os cientistas sabem, por exemplo, que os gémeos, apesar de terem o mesmo ADN, podem apresentar características físicas e desenvolver doenças distintas. A explicação tradicional foi sempre que o meio interage com os genes e gera um fenótipo, ou aspecto externo. Porém, como será que o ambiente interage com as células? A ciência que estuda o fenómeno recebe o nome de “epigenética” e é uma espécie de segundo código escrito sobre o ADN que os cientistas estão, agora a aprender a ler e a decifrar.
Vejamos um exemplo prático: os ratos agouti são portadores de um gene igualmente conhecido por esse nome, responsável pela cor amarelada e a obesidade. Além disso, o gene leva a que tenham tendências para sofrer de cancro e diabetes. Como toda a prole é idêntica aos seus portadores, os ratos “sabem”, desde que nascem, que não terão uma vida muito longa.
Porem, no ano de 2000, alguns cientistas conseguiram alterar o infeliz destino dos ratos sem trocar no seu ADN, alimentando as mães com uma dieta rica em metilo, uma substância presente na cebola, no alho e na beterraba. Os ratos que nasceram depois já não eram amarelos, mas sim castanhos e, sobretudo, estavam livres da fatal herança genética. Morreram tranquilamente de velhice e estabeleceram, de passagem, a primeira prova do enorme potencial da epigenética, ou seja, do conjunto de marcas químicas que modificam a actividade do ADN em função do ambiente, sem alterar a sua sequência. Na última década, esta especialidade deixou de ser uma matéria obscura para se converter num dos campos mais promissores da biomedicina. Os cientistas já detectaram alterações epigenéticas em vários cancros como os do cólon, do estômago, da cérvix, da próstata, da mama e da tiróide.

Fonte: Superinteressante
Reflexão:
É sempre bom receber notícias destas. Desta forma, e segundo os estudos, qualquer pessoa possuidora de uma qualquer doença, desde cancro até diabetes, pode não passar aos descendentes essa informação, fruto de uma alimentação bem restrita mas também de factores ambientais, que nem sempre podemos controlar.
Eu coloquei este artigo na medida em que esta nova ciência pode opor, de certa forma, alguns dos temas por mim tratados nas aulas nomeadamente hereditariedade, genes e mesmo doenças. Digo “pode opor” uma vez que ainda nada concreto, mas é quase certo que há algo que controla o funcionamento do ADN ainda por descobrir.

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